Vasco Granja - Cinema de Animação – O Lápis Mágico
Vasco Granja, o apresentador de “Cinema de Animação” (ilustração Santa Nostalgia)
O programa "Cinema de Animação" teve o seu início em 1974, logo após a revolução do 25 de Abril e aguentou-se firme durante 16 anos, até 1990, tendo sido apresentados cerca de um milhar de edições.
Este programa da RTP, iniciado ainda no tempo do "preto-e-branco", primava pela variedade de desenhos animados exibidos, apesar do apresentador, especialista de cinema de animação, mostrar uma preferência especial pelas produções dos países de leste, nomeadamente da Polónia, Jugoslávia e Checoslováquia, muitas vezes de características experimentalistas, em contraponto às clássicas séries dos Estados Unidos, nomeadamente da Disney e da Looney Tunes, que também apreciava.
Vasco Granja seleccionava filmes de vários países, desde a Europa até ao Japão, incluindo filmes oriundos do Canadá, então muito forte no cinema de animação experimental, nomeadamente de autoria de Norman McLaren, um dos confessos realizadores preferidos do apresentador. A Vasco Granja e ao seu “Cinema de Animação” deve-se também a divulgação e popularidade da série “A pantera cor-de-rosa”, de Friz Freleng e David DePatie, sendo, à custa disso, apelidado de "o pai da Pantera cor-de-rosa”.
De todos os bons filmes que eu via no "Cinema de Animação", incluindo a “Pantera cor-de-rosa”, que continua a agradar, mesmo às novas gerações, a série "O Lápis Mágico" foi aquela que mais tocou a minha imaginação de criança.
"O Lápis Mágico", no original "Zaczarowany Olowek" que pode também ser traduzido por "Lápis encantado", era uma produção polaca, da cidade de Lodz, da Se-Ma-For (acrónimo de Studio Malych Form Filmowych), cujos episódios produzidos de 1963 a 1976, com cerca de 10 minutos cada, giravam à volta de um menino (Piotr) que tinha como amigo um duende que por sua vez lhe emprestava um lápis com capacidades mágicas ou encantadas, pelo que tudo o que o rapazito desenhasse se materializava, tanto objectos. O menino tinha ainda um inseparável companheiro, um cão amarelo, muito irrequieto e inteligente, que o ajudava em inúmeras situações.
O lápis mágico só funcionava em situações especiais, normalmente numa perspectiva do Bem mas nunca ao serviço do Mal, principalmente quando alguém se apropriava do lápis ou obrigava o menino a fazer desenhos para uso maldoso.
Esta série de animação, como muitas outras tão características dos chamados países de Leste, não tinha falas e por conseguinte era apresentada sem legendas, mas apenas com música e sons. Apesar disso, as histórias eram de fácil compreensão para as crianças, mesmo as que ainda não sabiam ler e transmitiam valores de alegria, paz e amor, como fazia questão de salientar o apresentador.
Apesar da simplicidade da produção, com desenhos e cenários muito básicos, mesmo rudimentares, esta série "O Lápis Mágico", tornou-se uma das preferidas da rubrica "Cinema de Animação" e deu azo a muitas e imaginativas brincadeiras. Pessoalmente, fartei-me de romper lápis e riscar paredes e papel na expectativa infantil de ver transformar em realidade os bolos, carros, cães e gatos que desenhava. Mas nada...
Felizmente, para matar saudades e voltar a divertir, e até para recordar a inesquecível música de abertura, hoje em dia ainda é possível assistir a vários episódios dispersos no sítio YouTube, bastando escrever na caixa de procura o título original, "Zaczarowany Olowek".
Genérico de abertura
O menino que utilizava o lápis mágico
O cão, companheiro do menino.
O menino e o cão
O duende entregando o lápis mágico ao menino
O menino a desenhar um urso
O menino a desenhar uma chave
Cheguei aqui por um motivo triste!
ResponderEliminarMas gostei muito de ler! Tb Vasco Granja, marcou a minha infância!positivamente.
Quantas das minhas recordações de infância, estão ligadas ao " Cinema de Animação" e obviamente ao Vasco Granja e particularmente ao "Lápis Mágico"...
ResponderEliminarQue bom que é recordar tudo isso, aqui e manter a memória viva!
Obrigado
Lembro-me destes bonecos!
ResponderEliminarO Vasco Granja apresentou-me e deu-me a conhecer a maravilhosa Lotte Reiniger (alema exilada na Gra-Bretanha) e, claro, os fantasticos animadores da Europa de Leste e a escola Canadiana...enriqueceu-me e estou-lhe muito agradecida.
ResponderEliminarBem haja!
Ando há anos à procura de umas animações (que penso terem sido transmitidas neste programa, porque me lembro bem das que referiu aqui). Uma era feita com marionetas: duas bruxas que voltavam a casa depois de uma viagem. Outra de uma tesoura perto de um foguetão que recortava elementos espaciais. Outra de dois bonecos em plasticina (um esguio e outro gordo) que emitiam uns grunhidos. Uma outra, dois vampiros que se perseguiam mutuamente...
ResponderEliminarSei que não consegui trazer muita luz sobre o que procuro, mas gostaria muito de saber se me consegue dar alguma pista sobre o que quer que seja que possa ajudar com a minha busca.
Obrigada,
Constanza
Chegou a descobrir?
EliminarE eu procuro um bonequinho laranja às riscas com um nariz comprido com uma bola na ponta que se ria de tudo e de nada, as gargalhadas dele eram contagiantes, se alguém se lembrar do nome me diga por favor
EliminarObrigado por recordar isso,gosto muito de desenhos animados e já não me lembrava deste.
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