Sabonete Feno de Portugal - Os aromas da natureza


O sabonete FENO DE PORTUGAL é daqueles produtos que jamais se esquecem. Neste caso pela particularidade do nome, é certo, mas também pelo bucolismo que foi transmitido nos anos 80 pelo spot publicitário televisivo onde a jovem loura (do cartaz) esvoaçava graciosamente por entre um campo de feno, por entre flores, cores e aromas. Toda ela era leveza e transparência pelo que a imagem relacionada com os aromas e encantos da natureza foi muito bem conseguida e transmitida.
Nessa altura o slogan era "Feno de Portugal, o encanto da natureza". Penso que na actualidade é ligeiramente diferente, qualquer coisa como "Feno de Portugal, o aroma da natureza".

Este produto existe há várias décadas, pelo que pode ser considerado um artigo de tradição e nostalgia. Na sua origem era uma marca da Unisol, por sua vez pertencente ao grupo Quimigal, S.A. A Unisol foi adquirida em 1990 pela multi-nacional Colgate-Palmolive herdando assim a marca Feno de Portugal e outras bem populares como o lava-loiça Super POP, a lixívia Javisol e os artigos de higiene pessoal Festa e Vert Sauvage. Não tenho visto o Feno de Portugal nos locais habituais das minhas compras, mas ainda é fabricado e comercializado.

Ao longo dos tempos o grafismo do rótulo tem mudado mas creio que o aroma característico se tem mantido.
Pessoalmente, nunca fui muito de sabonetes, mas recordo-me que em adolescente era o meu sabonete preferido. Por isso, ainda hoje basta semi-cerrar os olhos e o aroma salta à memória bem como o momento em que acabava de sair do banho e vestia uma camisa ou uma t´shirt.
Os aromas têm de facto essa capacidade fantástica de ficarem retidos na nossa memória, principalmente aqueles que definimos como os mais característicos ou que de algum modo marcaram o nosso dia-a-dia, seja nos momentos do trabalho, da escola ou do lazer. Por isso, toda a nossa vida é assim um repositório de cheiros, perfumes e aromas, passe a redundância dos sinónimos.

Como disse, o nosso dia-a-dia está rodeado de cheiros e através do sentido do olfacto aprendemos a distingui-los, a diferenciá-los; os agradáveis e os desagradáveis; os intensos e os suaves; mas a nossa memória e a percepção dos aromas é tanto mais forte quanto a importância que damos ou guardamos das coisas, dos momentos e dos lugares relacionados.

Quem não tem presente o cheiro a bronzeador de coco nas quentes tardes de Verão na praia, ou o cheiro a mar ou maresia pela manhã? Que tal o cheiro agradável de um copo de leite com café ou uma cevada ou chocolate quentes, a fumegar? Em casa, o cheiro agradável de um refugado ou de um assado acabado de sair do forno? No jardim, o perfume a rosas e cravos ou ervilhas-de-cheiro? E as belas-donas, agora no final de Agosto, ou mesmo as açucenas? Ou até mesmo o cheiro a relva acabada de cortar pela manhã, com mistura de cidreira, hortelã e menta? Claro que no mundo das flores os perfumes são imensos e inconfundíveis. E na escola primária, o cheiro a lápis de cor acabados de afiar e o aroma fresco dos livros novos?

Em casa, nas limpezas, o cheiro fresco a sabão Clarim, da cera de soalho ou do detergente OMO ou JUÁ ou ainda do aroma intenso da lixívia ou do petróleo? No campo, o cheiro fresco que se respira entre os milheirais orvalhados, ou o cheiro morno da terra acabada de lavrar? O aorma a uvas frescas ou acabadas de pisar no lagar? No pinhal, o perfume do eucalipto ou dos pinheiros bravos, resinosos, acabados de abater? O aroma inconfundível de um bom vinho tinto, o cheiro a leite-creme acabado de queimar, o aroma de vinho quente com canela (champarrião) ou a fragrância das castanhas assadas ainda a escaldar? O aroma das sardinhas assadas com pimentos, de um bife grelhado e do pão de milho acabado de saír do forno, ou mesmo um pão de trigo bem quentinho barrado de manteiga? Hummmmm.

Chega como amostra, porque é verdade que cada pessoa tem na memória os seus frasquinhos de aromas. Basta destapá-los, semi-cerrar os olhos e viajar pelo mundo das coisas, momentos e lugares.
Por mim, porque ainda de férias, estou mesmo de saída para almoçar num restaurante onde a vitela arouquesa no espeto, acompanhada de arroz de feijão em panela de barro, vão libertar agradáveis aromas.

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Comentários

  1. Nunca gostei muito do cheiro deste sabonete, quando era pequena existia muito em minha casa. Preferia uns que havia que eram de maças verdes (marca Festa, acho eu).

    Mas reconheço que é um ícone do passado...

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  2. Vim aqui parar á procura de uma série que correu na RTP penso em 1984/85 aos Domingos hora do almoço.
    Série que julgo austriaca, sobre uma familia de camponeses que viviam num moinho, o pai era alfaite e passava-se creio que no inicio do sec. XX. Não me lembro do nome nem a consigo encontrar.
    Mas encontro de fato um blog como não imaginava encontrar. Já me fez recordar e reviver bons tempos da minha infancia/juventude.

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  3. Igualmente e se me é permitida a ousadia, procuro tambem outra série, esta passada ao final da tarde em 1986/87, sobre uma aventuras de um individuo pelo norte de africa. Lembro-me de ser citado o nome de Port Said.
    Mais uma vez parabens pelo blog

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  4. cantinhodacasa28/08/09, 00:32

    Quantas vezes entrava esse sabonete aqui em casa, para uso de toda a família.
    Mas, se não me engano, há aqui i«uma loja onde sem vende marcas portuguesas e não só. Quase afirmo que vi esta marca, ano passado pela no Natal.
    Como fica perto de minha casa, hei-de lá passar e confirmar.~

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  5. cantinhodacasa,
    sim, como disse no artigo, apesar de não os encontrar nos locais habituais das minhas compras, sei, contudo, que o Feno de Portugal continua a ser produzido e comercializado, até porque, no entretanto, encontrei-o já num pequeno mini-mercado até bem próximo da minha residência.
    Claro que para matar saudades, comprei-o e já tomei um banho com ele. Continua espumoso e de cheiro agradável.Deu para reviver aromas de outros tempos.

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  6. Bom sabonete para a pele.

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  7. Alguém terá o filme de TV?

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  8. Vende no Continente barato.

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  9. Não deixo de ir a Portugal e procurar por esse sabonete. Mas, o original, que me é muito agradável. Do mais recente de camomila e azeite já não gostei tanto.

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