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Erva de S. Roberto – Serafim, torce, torce!

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 A Erva de S. Roberto é uma planta relativamente vulgar e que cresce espontaneamente por todo o país, de modo especial em campos, cômoros, muros de pedra e bermas de caminhos. É caracterizada pelos seus caules vermelhos, pequenas flores lilás e um aroma acre, forte e pouco agradável. Sendo bastante vulgar, é uma planta há muito conhecida pelas suas fantásticas propriedades medicinais, sendo indicada sobretudo para inflamações, problemas na boca, como aftas, úlceras, hemorragias, hemorróides, cálculo dos rins, nefrite, infecções ao nível dos olhos, gastrites e muitas outras.  Esta erva é por conseguinte muito abundante na minha aldeia e desde há muitos anos que conheço as suas propriedades e indicações. A Erva de S. Roberto, também conhecida por Bico-de-Cegonha (no Brasil) e Erva Roberta, entre outros nomes, estava sempre disponível na "farmácia da minha bisavó, profunda conhecedora de tudo quanto era erva medicinal. Colhia-a na fase madura, quando já tinha florido e as

Tradição das Maias - Giestas em flor

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Ontem, na minha aldeia como em muitas regiões do pais, reviveu-se a tradição das Maias. Esta obriga a que nas fechaduras e fechos de todas as janelas e portas do exterior das habitações sejam colocados ramos de giestas em flor, as chamadas Maias. A colocação deve ser extensiva aos currais dos animais. Se em alguma porta ou janela não for colocado o ramo de Maia diz-se que "entrará o diabo e chupará o sangue de quem ali morar". Esta é uma tradição muito antiga e generalizada no país, sobretudo na região norte e dizem os estudiosos que tem a ver com ritos associados à Primavera e à fertilidade da terra e dos animais. Há também quem diga que tem reminiscências religiosas já que reza a lenda que Nossa Senhora, na fuga para o Egipto, com o Menino e S. José, espalhou ou semeou giestas pelo caminho para depois o encontrar no regresso. Outra lenda, também diz que por alturas da Páscoa, estando Jesus em Jerusalém, os judeus marcaram com um ramos de giestas a casa onde El

Páscoa - Tradições, usos e costumes

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  Estamos já à porta da Páscoa, seguramente a maior celebração do calendário da liturgia da religião católica, embora o Natal, pela sua natureza e tradição, seja vivido de uma forma mais abrangente, talvez porque na primeira esteja envolvida a Paixão e morte de Cristo e na segunda, o Seu nascimento. Na realidade, numa perspectiva humana, a vida sempre esteve impregnada de festividade e de alegria. Pelo contrário, a morte, é em si própria uma fatalidade da génese humana, sempre associada a momentos de dor, de luto, de perca e tristeza, do desprendimento final e forçado das coisas terrenas. É certo que há culturas que encaram a morte de uma forma mais natural, em algumas situações até com alegria, mas mesmo na religião católica, onde se crê que a morte é apenas uma passagem para uma outra dimensão, espiritual, essa foi sempre uma realidade muito pouco compreendida e cultivada, mesmo à luz da Ressurreição de Jesus Cristo.    Seja como for, a Páscoa é uma celebração que comporta

Cartas de amor

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Vai longe o tempo das cartas de amor. Com o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, hoje consignadas nos computadores, no generalizado uso do correio electrónico e mensagens instantâneas, bem como o vulgarizado telemóvel, os pombinhos namorados estão em permanente contacto, quase 24 sobre 24 horas. Conversas, mensagens, e toques, por tudo e por nada, por algo importante, poucas vezes, e por banalidades, quase sempre, fazem parte do dia-a-dia dos namorados de agora. De há vinte anos para trás, porém, tudo era substancialmente diferente: Ninguém tinha telemóvel, nem computador nem internet. Havia o telefone fixo, mesmo assim em poucas casas e telefonar para casa do pombinho ou da pombinha era quase sempre um tiro de sorte, pois a quem se ligava podia não estar e por conseguinte a chamada ser recebida pelos pais ou irmãos, o que, convenhámos, na maior parte dos casos era um inconveniente. Neste contexto, escrever cartas de amor era um dos recursos muito u

Serões da aldeia - Histórias à lareira

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    Hoje em dia já não há serões à lareira nem o contar de histórias mágicas, lendas e narrativas dos mais velhos aos mais novos. As casas modernas são avessas a fumo, as lareiras são demasiado pequenas, muito decorativas e pouco funcionais e defronte não há lugar para uma roda onde caibam avós, filhos e netos. Os netos estão entretidos com a televisão, com o computador e consolas de jogos. Os avós, raramente coabitam com os filhos e netos. Quando muito vivem sozinhos ou relegados num qualquer lar de idosos. Noutros tempos, quando a electricidade ainda não chegava à maioria das aldeias, ou se chegava, não entrava em todas as habitações, as grandes lareiras eram frequentes nas casas, mesmo nas mais pobres e depois de acabados os trabalhos no campo, para ajudar a matar as longas noites de Inverno, aconteciam os serões, com os mais velhos, de modo especial os avós, a contarem aos netos coisas do seu tempo, histórias ligadas ao campo, aos animais, velhas narrativas e conto

O Natal nos catecismos - I

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  Do catecismo "Quem sóis Vós, Senhor?", do qual já aqui falamos, dentro do ambiente e espírito natalícios, reproduzimos hoje as ilustrações relativas à quadra. Principia com a aparição do Anjo Gabriel a Maria, transmitindo-lhe o desígnio de vir a ser a Mãe do Salvador; Depois a visita de Maria a sua prima Isabel, que viria a ser mãe de João Baptista, seguindo-se o nascimento de Jesus, num pobre estábulo da cidade de Belém, o anúncio do nascimento pelo anjo aos pastores da região e finalmente a adoração a Jesus pelos reis Magos, reconhecendo naquela criança a divindade do tão esperado Messias. Quem se recorda destas deliciosas ilustrações?

Sardinhas salgadas

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Quem não gosta de sardinhas? Assadas, cozidas, fritas ou de conserva em óleo ou tomatada, creio que quase toda a gente gosta. Hoje em dia a sardinha é quase um alimento de luxo, pelo alto preço a que é vendida. Então em época das festas populares, nomeadamente pelo S. João, o preço é deveras exorbitante, mesmo com o abastecimento da sardinha espanhola (que dizem de inferior qualidade relativamente à pescada na nossa costa). Neste contexto, guardo algumas memórias e recordações à volta das sardinhas e da sua importância na alimentação das pessoas. Noutros tempos, noutras épocas, a sardinha era o bife dos pobres, principalmente do povo da aldeia, dos lavradores. Duas batatas cozidas, um monte de couves e uma sardinha assada ou cozida, era um prato muito generalizado, mas mesmo assim com algum requinte, pois mesmo a um preço acessível, nessa altura (anos 60 e 70), a sua compra frequente não estava ao alcance da maioria do povo. Recordo-me perfeitamente do tempo em

Qual é a coisa, qual é ela? - Adivinhas

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  As adivinhas sempre exerceram um fascínio particular, tanto entre crianças como nos próprios adultos. No meu tempo de criança, eram muito utilizadas e faziam parte dos serões da aldeia, questionadas e adivinhadas junto à lareira, após o jantar, como passatempo das longas noites de Inverno. Particularmente, aprendi de minha bisavó materna uma série delas que, talvez pela sua simplicidade, nunca mais esqueci. Recordo que tanto eu como os meus irmãos estávamos sempre a importuná-la pendindo-lhe que nos ensinasse novas adivinhas. Com paciência e sabedoria, tal como uma côdea na algibeira, tinha sempre uma nova para ensinar. Hoje em dia as adivinhas perderam muita da sua importância e são poucas as crianças que despertam a curiosidade por estes enigmas decorrentes da sabedoria popular. Esporadicamente são ensinadas por algumas avós, mas muito raramente pelos pais, num sinal claro que tende a perder-se a sua importância e a sua transmissão pela via oral. Apesar disso

Santinhos de casamento

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Quem não se recorda dos santinhos de casamento? Estas estampas, habitualmente litografias italianas, com dimensões aproximadas de 60 x 100 mm, eram oferecidas pelos noivos aos seus convidados de casamento, e funcionavam como recordação do enlace. Desta forma, no verso da estampa, era impresso a letra dourada os nomes dos noivos, data e local do casamento. Conservo vários destes santinhos de casamentos, dos anos 60, de pessoas conhecidas da minha aldeia, oferecidos a familiares meus. Sem moralismos, e porque nestas coisas cada cabeça tem o seu chapéu e a sua sentença, mas constata-se que hoje em dia, os casamentos religiosos são cada vez menos porque é mais fácil o compromisso com os homens do que com Deus. Não admira, pois, que os modernos casamentos, consubstanciados numa génese fortemente materialista, tenham pouca sustentabilidade e durabilidade, pelo que já não surpreende o número cada vez maior de divórcios, alguns deles decorridos poucos dias ou me

Biscoitos de champanhe

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  Tempos houve em que certos produtos eram especiais porque se confinavam a uma específica região ou apenas se consumiam numa determinada época ou quadra festiva. Por exemplo, as rabanadas e as filhoses no Natal, as amêndoas e pão-de-ló pela Páscoa, a orelheira pelo Entrudo ou Carnaval, etc. Outros exemplos poderiam aqui ser dados. Com a globalização, essa coisa fantástica que aproxima as pessoas e o mundo e simultaneamente as afasta, a indústria e o comércio começaram a generalizar o fabrico e venda de diversos produtos e artigos ao longo do ano, anteriormente confinados às tais épocas festivas determinadas pelo calendário, quase sempre com uma forte substância religiosa mas também profana. Por conseguinte, hoje come-se rabanadas, pão-de-ló e amêndoas em qualquer ocasião e em qualquer altura do ano. Não admira, pois, que assim se tenha perdido a magia de muitas coisas, diluído os sabores e desvanecidos os aromas. Creio que os meus queridos leitores compreendem isto. Dentro

Jogo do Rapa

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  o "Jogo do Rapa" é um dos mais populares do nosso país, sendo jogado quase sempre por crianças, tanto rapazes como raparigas, principalmente durante o tempo da escola primária. O Rapa pode ser jogado tanto por duas como por mais crianças. Regra geral pode ser jogado à volta de uma mesa, num muro com base superior plana e mais ou menos regular ou até no próprio chão, tanto dentro de casa como no chão do próprio caminho ou terreiro. Para o "Jogo do Rapa" é imprescindível o uso de um pequeno objecto fabricado em madeira, exactamente um pequeno pião, com o corpo principal dotado com quatro faces, mais ou menos quadradas, com um bico em cone e uma ponta superior, cilíndrica, para ser rodopiada com um movimento de rotação dos dedos polegar e indicador. O pião podia estar mais ou menos decorado com faixas de tinta de várias cores o que dava um bonito efeito quando rodopiava. Cada uma das faces está pintada com uma letra, maiúscula, portanto com um total

"Jogo da Malha"

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  De todos os jogos populares do nosso Portugal, o "Jogo da Malha" é sem dúvida um dos mais tradicionais e com forte presença em todo o território, onde é jogado com algumas variantes quer no equipamento quer nas regras. É sobretudo um jogo de homens, embora possa ser jogado por crianças ou mulheres. É um jogo que exige algum esforço físico e sobretudo muita destreza. O jogo é disputado por por duas equipas de dois elementos cada. O equipamento é constituído por dois pares de malhas (discos ou patelas de ferro) e dois mecos. Existem variantes na forma e no peso mas, por regra, cada malha pesa entre 500 a 600 gramas. Pode ser circular mas normalmente apresenta uma forma octagonal para melhor adaptação à mão e com um raio aproximado de 5 a 6 cm. Para se distinguir os dois pares de malhas, por norma um par dispõe de um furo a meio ou outras marcas ou sulcos. Os mecos por regra são de ferro, maciços, para resitir aos choques, com uma altura aproximada de 15 cm, em cil