Coisas da chuva
Hoje, como habitualmente sempre que os trabalhos em part-time o permitem, após o jantar fui fazer uma caminhada, cerca de 30, 40 minutos em passo apressado. Mas hoje acompanhou-me a chuva, a tal miudinha do tipo “molha-tolos”, com algum vento à mistura. Ora como “quem anda à chuva molha-se”, é ditado velho e sempre actual, acabei por chegar a casa já um pouco molhado, sobretudo na zona das pernas.
Longe de isso ser um incómodo, num certo sentido até propicia um leve prazer pois afinal é o contacto com os elementos da natureza e, não sendo regra, sabe bem.
Esta simples ocorrência, contudo fez-me recordar tempos de criança em que chegado a casa da escola ou do trabalho do campo, molhado e a escorrer como um pintaínho, minha mãe mandava despir a um canto a roupa molhada e entregava-me um molho de roupa seca e aquecida ao lume para a muda. Meu Deus, como sabia bem aquele aconchego terno de roupa lavada e morna. Quase que apetecia apanhar uma molha todos os dias de Inverno.
Esta memória, não sendo fábula ou parábola, pode deixar-nos uma lição que é aquela que nos ensina que sabe bem qualquer recompensa depois de passarmos por algumas dificuldades e privações. Seria bom que, no que ao país económico toca, esta perspectiva se venha a concertizar daqui a alguns anos, mas, se calhar, a molha vai ser demasiado longa e daquelas que penetram até ao tutano dos ossos pelo que mesmo que daqui a uns tempos já possamos vestir uma roupa lavada e morninha, que é como quem diz, aspirar a uma vida menos apertada e com crescimento económico e social, já não sejamos capazes de sentir o aconchego da recompensa porque pelo caminho ficamos doentes e com reumático.
Coisas da chuva.
Sei bem do que escreve...
ResponderEliminare, penso da mesma forma!
Um abraço