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Publicidade nostálgica - Laca Yenka - Memórias da ida ao barbeiro

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Não é uma marca muito conhecida e provavelmente já nem se fabrica, mas ainda me recordo de levar com uma camada desta laca, pulverizada pela mão nervosa do barbeiro da aldeia na véspera da minha comunhão solene. Tão nervosa a mão que mutilou metade da minha franja à Beatles. A ida ao barbeiro, ainda que sazonal (quase sempre no início do Verão) era um duro castigo para os rapazes, pois o barbeiro, o Ti  Tonico, era mais nervoso que a sua mão e, contraditoriamente, não suportava o nervoso dos seus jovens clientes. Ainda por cima, éramos obrigados a ficar sentados sobre três ou quatro almofadas para compensar a falta de altura e no cimo dessa poltrona oscilávamos mais do que um choupo em tarde de ventania. Com a História de Portugal na ponta da língua, não fora a imobilização forçada, sentir-me-ia como o Samorim de Calecute na sua poltrona de púrpura a receber o recém chegado Vasco da Gama. Para forçar a posição, o Ti Tonico apertava-nos a cabeça com a sua grande e nervosa manáp

O balde e a pá da praia

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Ontem fui à praia. Esposa e filhos acompanharam e durante toda a tarde houve tempo para tudo: Apanhar sol, talvez até em demasia, mergulhar, lanchar e, claro, brincar. Vendo o meu filho a brincar com a areia, foi sobretudo um momento de voltar atrás no tempo, aos meus tempos de criança e recordar também as minhas brincadeiras na praia. Bem vistas, as coisas nesse aspecto até nem mudaram muito. Talvez mais brinquedos, e mais sofisticados, de resto a mesma alegria, imaginação e empenho, muito empenho na construção dos míticos castelos de areia, grutas, covas e outras coisas mais ou  menos parecidas, sempre com a areia, seca e molhada, os godos ou seixos e as conchas. Os brinquedos da praia, o balde, de plástico e até de chapa, e a sua inseparável companheira, a pá. Não era necessário mais nada para se construir um mundo, um castelo. Estes dois objectos estão profundamente ligados à memória de milhares de portugueses porque lhes passaram pelas mãos, numa qualquer praia da extensa cos

Vestuário em Dralon - Fibra acrílica da Bayer

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Três cartazes publicitários à fibra acrílica alemã DRALON, uma marca da BAYER. Três modelos de vestuário a fazer inveja a muitas mulheres portuguesas. Era uma época em que a forma de vestir das mulheres lusas estava em forte mudança, repercutindo-se, embora com atraso, no que estava a acontecer nos Estados Unidos e na Europa. Por isso era muito frequente nesta altura a publicidade a vestuário, aos seus modelos de linhas simples mas ousados e, claro, a par das maravilhas apregoadas às novas fibras sintéticas. A DRALON foi introduzida em Portugal em 1965, tendo sido um êxito, como aconteceu com todas as fibras sintéticas dessa época. Hoje em dia valorizam-se as fibras naturais, como a lã, o algodão, a seda e o linho, e evitam-se as sintéticas, pelo menos ao nível de roupas que contactam directamente com o corpo, como as cuecas, peúgas e camisas, mas nem sempre foi assim, pois nos anos 60 e 70 estas fibras, produzidas a partir do período pós II Guerra Mundial, eram muit

Crónica Feminina - 433, 434

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  Já aqui falámos da revista " Crónica Feminina ", mas continuará a ser presença assídua neste nosso espaço de memórias e nostalgias. Estas são as capas dos Nºs 433 e 434, as edições de 11 e 18 de Março de 1965. Atente-se na simplicidade das capas. Agora imagine-se uma das revistas similares do nosso tempo, como as popularuchas e "quase pornográficas"  "Maria" e "Ana", já para não falar das de maior formato. De facto não têm nada a ver. É claro que os meios, as mentalidades e os tempos são outros, mas convenhamos que de um excesso de discrição e bons costumes passamos para uma situação de total indecoro e "à vontadex". No nosso tempo, se queríamos ter acesso à pornografia líamos às escondidas a GINA ( falaremos oportunamente desta revista ) ou entrávamos pela porta-do-cavalo no cinema da vila. Agora, mesmo crianças de 13 a 15 anos têm fácil acesso a essas revistas, caracterizadas por uma forte componente de conteúdo erótico a e

Publicidade nostálgica - Milo da Nestlé

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  Já aqui falámos do Milo , o saboroso leite achocolatado da Nestlé. " Faça do seu filho um futuro campeão, graças ao MILO ". Considerando o actual momento dos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, e à infrutífera participação portuguesa, muito criticada, diga-se, é caso para se dizer que o problema da maior parte dos atletas foi não tomarem Milo. A receita está dada: Para os próximos Jogos, em 2012, em Londes, Inglaterra, há que importar Milo e fazer dele o pequeno almoço diário dos futuros atletas, dos futuros campeões.

Biscoitos de champanhe

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  Tempos houve em que certos produtos eram especiais porque se confinavam a uma específica região ou apenas se consumiam numa determinada época ou quadra festiva. Por exemplo, as rabanadas e as filhoses no Natal, as amêndoas e pão-de-ló pela Páscoa, a orelheira pelo Entrudo ou Carnaval, etc. Outros exemplos poderiam aqui ser dados. Com a globalização, essa coisa fantástica que aproxima as pessoas e o mundo e simultaneamente as afasta, a indústria e o comércio começaram a generalizar o fabrico e venda de diversos produtos e artigos ao longo do ano, anteriormente confinados às tais épocas festivas determinadas pelo calendário, quase sempre com uma forte substância religiosa mas também profana. Por conseguinte, hoje come-se rabanadas, pão-de-ló e amêndoas em qualquer ocasião e em qualquer altura do ano. Não admira, pois, que assim se tenha perdido a magia de muitas coisas, diluído os sabores e desvanecidos os aromas. Creio que os meus queridos leitores compreendem isto. Dentro

Publicidade nostálgica - Insecticida Bomba H

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  Com Bomba H...é um ar que lhes dá. O insecticida dos tempos modernos. Apesar da referência aos tempos modernos, este cartaz publicitário é do ano de 1966, portanto com mais de quarenta anos. Era principalmente com este insecticida que os portugueses matavam as melgas, moscas e mosquitos nas longas e incómodas noites de estio. Claro que nessa altura já existiam outras marcas de insecticida em spray mas o Bomba H, ficou como um dos mais populares, talvez pela imponência associada ao seu nome e que alguém recordava sempre como algo fatal e destruidor. É certo que nessas alturas usava-se e abusava-se dos químicos e estamos em crer que o uso deste insecticida em grande parte dos lares portugueses era bem mais nocivo para a saúde das pessoas do que as picadas dos insectos. Recordo-me da minha mãe, todas as tardes de Verão, a seguir ao almoço, fechar todas as portas e janelas da casa e pulverizar todos os compartimentos com o Bomba H. Passado algum tempo era só varrer os insect