Publicidade nostálgica - Laca Yenka - Memórias da ida ao barbeiro
Não é uma marca muito conhecida e provavelmente já nem se fabrica, mas ainda me recordo de levar com uma camada desta laca, pulverizada pela mão nervosa do barbeiro da aldeia na véspera da minha comunhão solene. Tão nervosa a mão que mutilou metade da minha franja à Beatles. A ida ao barbeiro, ainda que sazonal (quase sempre no início do Verão) era um duro castigo para os rapazes, pois o barbeiro, o Ti Tonico, era mais nervoso que a sua mão e, contraditoriamente, não suportava o nervoso dos seus jovens clientes. Ainda por cima, éramos obrigados a ficar sentados sobre três ou quatro almofadas para compensar a falta de altura e no cimo dessa poltrona oscilávamos mais do que um choupo em tarde de ventania. Com a História de Portugal na ponta da língua, não fora a imobilização forçada, sentir-me-ia como o Samorim de Calecute na sua poltrona de púrpura a receber o recém chegado Vasco da Gama. Para forçar a posição, o Ti Tonico apertava-nos a cabeça com a sua grande e nervosa manáp